terça-feira, 2 de dezembro de 2014

TCU aponta sobrepreço de R$ 1,1 bilhão em 20 obras do 'clube' de empreiteiras.


FALTA DE VERGONHA

Gerson Tavares
 







Este é um levantamento realizado pelo jornal “O Estado de São Paulo” em auditorias do Tribunal de Contas da União que mostram empresas envolvidas no escândalo da Petrobrás, mas que não estão arroladas só nesse escândalo, pois também são suspeitas de promover superfaturamento de preços em outros empreendimentos do governo federal. Daí chegou-se a conclusão que essa "ladroagem"  não é um caso restrito a Petrobras, e sim, ao governo em geral.

Essas empreiteiras suspeitas de integrar o esquema de corrupção na Petrobrás também ganharam de outros órgãos e empresas federais obras com valores que podem ter sido inflados em ao menos R$ 1,1 bilhão, segundo relatórios do Tribunal de Contas da União.

De acordo com auditorias abertas a partir de 2003, esse grupo que já é conhecido como “clube vip” e formado por empreiteiros, teve contratos superfaturados em 20 grandes empreendimentos, como a construção de ferrovias, rodovias, aeroportos e canais da “Transposição do Rio São Francisco”.

Como essas auditorias e relatórios técnicos ainda não chegaram a render conclusões do TCU vamos esperar que a conclusão seja realmente séria. Isso porque, como sempre acontece quando temos “bandidos” envolvidos, na maioria dos casos, as empreiteiras contestam, por meio de recursos, os critérios usados pelo tribunal.

Dizem os técnicos do TCU, tanto no escândalo da Petrobrás quanto em obras de outras áreas do governo, o sobrepreço em planilhas de materiais e serviços é a principal fonte de prejuízos nos empreendimentos tocados pelas construtoras. Não é à toa que uma boa parte dos executivos dessas empresas foi presa na sétima fase da Operação Lava Jato, aliás, operação que foi muito bem batizada de “Juízo Final”.

Na Petrobrás, o “clube” dos empreiteiros obteve contratos de R$ 59 bilhões. Segundo o TCU, as irregularidades detectadas em empreendimentos da Petrobrás somam R$ 3 bilhões. Mas a Polícia Federal pretende ampliar o leque das investigações para além da Petrobrás.

Assim, os relatórios do TCU estão sendo usados como ponto de partida para as investigações. Existe uma suspeita de que o esquema de corrupção na estatal, que envolvia o pagamento de propina e o financiamento ilegal de partidos em troca de contratos superfaturados, tenha funcionado também em outras áreas do governo.

É só seguir o pensamento do “bandido” e ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que aceitou colaborar com as investigações: “Essas empresas tinham interesses em outros ministérios capitaneados por partidos. São as mesmas que participaram de várias outras obras no Brasil”.

Então vamos ver quantas coisas podem ter rendido essa “fabula” para uma quadrilha travestida de “empresas”: Na construção das ferrovias Norte-Sul e Leste-Oeste em Goiás e Tocantins, contratada pela Valec, a diferença de preços alcança R$ 475 milhões. Já na Norte-Sul, as empresas do “clubinho” assumiram 14 lotes de obras. Em quatro deles, sob-responsabilidade da Constran-UTC, o TCU achou “gordura” de R$ 64,6 milhões em contratos que somam R$ 390 milhões.

Mas o assalto ao povo brasileiro não acaba por aí. Em outros três segmentos a cargo da Andrade Gutierrez, orçados em R$ 702 milhões, os preços tiveram um aumento de R$ 112 milhões. Só no trecho de 109 quilômetros entre Córrego Jabuti e Córrego Cachoeira Grande, no Tocantins, o contrato inicial com a construtora, de R$ 270 milhões, estava R$ 43 milhões ou 15% mais caro.

A Valec, sem a menor cerimônia, ainda firmou aditivos que aumentaram o valor global dos serviços para R$ 290 milhões. Um dormente, que deveria custar R$ 279, saiu a R$ 367 para o contribuinte. O TCU mandou a estatal repactuar os preços e resolveu abrir “tomadas de contas”. Esse procedimento é um tipo de processo que serve para confirmar os danos ao erário e identificar responsáveis.

Não podemos esquecer que por conta de superfaturamento nas ferrovias, o Ministério Público Federal ajuizou ações penais e de improbidade administrativa contra executivos das empreiteiras e a antiga cúpula da Valec, que foi afastada em 2011, em meio a denúncias de corrupção.

Para a procuradoria, stá tudo muito similar com o caso Petrobrás, de onde dá para entender que eles não mudavam nem o modo de roubar. O ex-presidente da estatal José Francisco das Neves, mais conhecido pelo “vulgo” de Juquinha, chegou a ser preso em 2012, na “Operação Trem Pagador”, quando foi acusado de enriquecer a partir de desvios da Norte-Sul. Claro que como todo “bandido”, ele nega. Essa aula de “negativa”, eles assistiram quando ministrada pelos grandes professores, Lula e Dilma.

E assim os contratos com a Valec se encerraram sem que todas as obras previstas fossem entregues. A estatal contratou novas construtoras para terminá-las.

E o TCU também suspeita de superfaturamento em outros projetos, como o Metrô de Salvador, aliás, o Jacques Wagner está cotado para o novo ministério da Dilma. Quanto ao Metro, o consórcio formado por Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez recebeu R$ 312 milhões para construir o trecho Lapa-Pirajá, Segundo cálculos de auditores, a preços de mercado, o segmento custaria R$ 146 milhões. Por causa disso, a Corte determinou que as empresas recolhessem a diferença de R$ 166 milhões aos cofres federais, mas como sempre, as empresas recorreram e estão mexendo os pauzinhos para embolsar o troco.

Então chegamos ao crime ecológico que é a “garota de programa dos olhos de Lula” e que a Dilma está levando a sério. Vamos ver como anda a “Transposição do Rio São Francisco”, essa uma obra que é vinculada ao Ministério da Integração Nacional. A Odebrecht firmou contrato de R$ 458 milhões para construir o canal do Sertão Alagoano. Pelas contas do tribunal, houve um sobrepreço R$ 59 milhões, equivalente “só” a 13%.

Já a Queiroz Galvão, em consórcio com a Galvão Engenharia, arrematou outros dois lotes, orçados em R$ 690 milhões, para escavar o Canal Adutor Vertente Litorânea, no Estado da Paraíba. Materiais e serviços previstos no contrato estão R$ 34 milhões mais caros que no mercado. O tribunal determinou ajuste nos orçamentos, mas corremos o risco de tudo ser “empurrado com a barriga”.

Quando eu falo que o PT, mesmo falando que acabou com a inflação e que fez o saneamento das contas do País, tudo que fez ou faz não é seu o mérito. E para mostrar que nem isso é mérito do PT, nem a instalação desse Cartel é de sua autoria, já que este tipo de operação existe há mais de 20 anos.

Isso podemos ver nas “delações premiadas” do caso Petrobrás, onde são colocadas as dez principais empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, tais como Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Engevix, Andrade Gutierrez, Constran-UTC, Odebrecht, Mendes Júnior, Iesa, Galvão Engenharia e OAS, como formadoras de um “clube” para desviar recursos de obras públicas desde os anos 1990.  Mas, claro, o PT não inventa, mas leva a sério a aplicação das regras de assaltos aos cofres públicos e aperfeiçoa com muita habilidade.

E só ver que na Petrobrás, o cartel fraudou licitações e superfaturou contratos em pelo menos nove empreendimentos, mediante o pagamento de suborno a dirigentes. Essas irregularidades ocorreram em obras como a do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e das refinarias de Paulínia, em São Paulo, e Abreu e Lima em Pernambuco.

Mas como a coisa não para por aí, o “clubinho” ainda mantém contratos de R$ 4,2 bilhões em vigor com a Petrobrás. Entre elas, havia um grupo de “Vips”, supostamente formado por Odebrecht, Constran-UTC, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS, que tinha maior poder de “persuasão” na escolha dos contratos. Mas nisso uma “coisinha” chama a atenção de todos. A Engevix não aparece nos relatórios do TCU sobre obras não relacionadas à Petrobrás.


Será que ela só entrou no rol para dividir os lucros?

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