“A vida é assim”
Gerson Tavares
Valda embarcou no ônibus que a levaria à Botafogo. Sentou logo no primeiro banco, logo atrás do motorista. Valda falava pelos cotovelos. Faustina que estava sentada lá no último banco, já estava ficando incomodada com aquele palavrório todo. Valda era uma metralha, não parava de falar, ligava um caso no outro. As pessoas já reclamavam e ela só sabia falar e era o centro das atenções. O motorista seguia a sua viagem. Tirando um fino do fusquinha aqui, apertando um motoqueiro ali, buzinava, parava no ponto logo ali na frente, deixava e pegava passageiro e de arranco em arranco lá ia ele com seu busão até chegar ao Largo do Machado, quando um outro ônibus parou a sua frente e o “Bandalha” (era assim que o motorista do ônibus se chamava) bateu na traseira do outro ônibus. Aí a Faustina não agüentou e soltou o verbo: “Tá vendo só? Tudo por causa daquela louca que não pára de falar... Tanto falou que tirou a atenção do pobre motorista... Vanda não deixou barato: “Qualé sua mocréia”?... Por acaso você ta dizendo que eu apertei o acelerador?... Quer saber de uma coisa?... Vai”. Faustina avançando pra cima de Valda: “Vai pra onde?... Fala e você vai ver o que vai acontecer com a sua cara...” A confusão já estava generalizada. Foi aí que o “seu” Elesbão, muito calmo, que também estava lá nos últimos bancos do ônibus, levantou e foi até ao “Bandalha” querendo saber o que realmente havia acontecido: “E aí amigão... não deu pra aturar essa conversa toda no ouvido, não é?... perturba mesmo... com tanta lorota no ouvido, não deu pra prestar atenção no transito”. E foi aí que “Bandalha respondeu: “Não... nem notei se a moça falou demais... só sei que quando pisei no freio, o ‘burrinho’ me deixou na mão”.
Na próxima segunda-feira, "A vida é assim"
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