A vida é assim
Gerson Tavares
Jorjão já estava de saco cheio com a mulher. Ofélia esperava o marido chegar em casa para descarregar todos os problemas do dia. Foi o gás que acabou, o Jorginho que ficou de castigo no colégio, a empregada que não veio porque estava com o filho doente, a maquina de lar roupa que enguiçou, enfim, um rosário de lamentações e o Jorjão já não suportava mais.
Passou o dia pesando o que poderia fazer para melhorar a sua vida. Separar não era solução. Ela ia continuar a pentelhar a sua vida e ainda teria que pagar pensão. Não era uma boa. Ficar morando na mesma casa já não dava, mas uma solução legal para ele estava difícil de achar. O melhor era mandar matar, mas isso dá cadeia e ele não estava a fim de puxar uma cana por ela.
À noite, no Jornal Nacional ele viu um ataque terrorista no Iraque, onde morreram 70 pessoas. Uma luz acendeu na sua mente. Era a solução, mas como ele iria mandar a Ofélia para o Iraque. Ela não iria passear por lá. Como manda-la? Foi aí que veio a grande idéia. Jorjão chegou em casa com uma novidade e foi logo armando pra cima dela: “Ofélia, tenho uma proposta de trabalho pra você que é irrecusável”. Ofélia ficou logo animada, pois ela sempre quis trabalhar fora: “Proposta de Trabalho?... e quanto vou ganhar?”. Jorjão chutou alto: “Você vai ganhar oitenta mil dólares por missão”. Ofélia ficou louca: “Mas oitenta mil dólares?... E vou fazer o que?". A resposta já estava na ponta da língua do Jorjão: “Olha como vai ser bom meu amor... nesse emprego você vai viajar, e ainda vai receber oitenta mil dólares”... Ofélia mais aflita: “Mas diz logo que trabalho é esse que você arranjou pra mim?”.
Foi aí que Jorjão falou: “Ofélia... você vai ser mulher-bomba no Iraque. Se você conseguir se salvar, recebe a grama, deposita pra mim e vai para outra missão... até morrer”.
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