Na estréia de "Lula, o Filho do Brasil",
aplausos e críticas
Gerson Tavares
Foi a primeira exibição pública do filme "Lula, o Filho do Brasil". Políticos e correligionários do presidente Lula aplaudiam freneticamente. Artistas e cinéfilos que prestigiaram a abertura do 42º Festival de Cinema de Brasília também arriscavam um aplauso aqui, outro ali.
Dos 1.320 lugares, o Palácio do Planalto reservou 740, o que dava uma boa margem para aplausos "comprados". Estiveram presentes ministros, ex-ministros e parlamentares da base aliada. Ali estava a primeira-dama Marisa Letícia representando Lula, que quer se preparar uma sessão reservada com familiares. Marisa, a dona da noite, posou com amigas e ao lado dos atores do filme, mas ao final deixou o teatro sem falar com a imprensa.
Durante a exibição do filme, a platéia riu com a cena de Lula tentando convencer a jovem Marisa a namorá-lo. Mas para descrédito da película, para que ela realmente se tornar “filme verdade”, a platéia não teve oportunidade de ver uma cena onde Lula oferece dinheiro à namorada Miriam para que ela fizesse um aborto de sua gravidez da qual nasceu Luriam. Este fato é de conhecimento de toda a população brasileira, pois ele foi usado inclusive em campanha passada. Muitos disseram que a não inclusão desta cena foi uma pena para a "história verdade", mas que talvez o Barretão não tenha rodado esta cena para que a platéia não viesse a chorar.
Os convidados mais esclarecidos e sem o compromisso de “puxar o saco”, saíram falando que o filme frustrou por retratar de forma acelerada os momentos da vida do presidente, sem se prender a uma “verdade”.
E para piorar, a sessão foi marcada por protestos da produção do filme contra a organização do festival, que deixou os atores da película que desembarcaram na capital federal para a estréia sem assento reservado. Fábio Barreto também reclamou da superlotação do Teatro Nacional, que além dos 1.320 lugares ocupados, teve toda sua escadaria preenchida por convidados. Segundo o cineasta, a situação oferecia risco ao público.
Um outro protesto chamou mais a atenção do público. Antes da apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, que tocou músicas de Luiz Gonzaga sobre o sertão, um grupo de defensores do ex-ativista Cesare Battisti subiu ao palco e estendeu uma faixa pedindo que o presidente Lula evite a extradição do italiano acusado de quatro assassinatos.
Mas como o principal protesto foi sobre o montante de dinheiro gasto para fazer um filme de propaganda política, Fábio Barreto rebateu “indiretamente” as críticas, dizendo que o filme não tinha um caráter político. “Este filme é uma obra de arte para mostrar como o povo brasileiro é lutador, perseverante. É uma homenagem ao povo”. “Mas por que será que o Lula foi o escolhido?”, perguntavam alguns sem ouvir nenhuma resposta.
E olhando bem, a explicação para a escolha de “Lula” como o personagem central do filme, só pode ser o orçamento. Com orçamento de aproximadamente R$ 12 milhões, "Lula, o Filho do Brasil" é o filme mais caro da história do cinema brasileiro e será exibido em quase 400 salas no Brasil em um ano de eleição que o presidente tem total interesse.
E eu pergunto: “Se o escolhido fosse o Severino da Silva, que chegando ao campo de São Cristóvão, no Rio, pulou da carroceria de um pau-de-arara com mulher e cinco filhos barrigudinhos. Se este Severino que depois de lutar vinte anos está muito bem de vida ao lado da Maria do Socorro, está com os filhos, alguns já formados e outros cursando faculdade. Se este Severino que não se meteu em sindicato nem em política, mas venceu em sua profissão e passando de um simples torneiro a dono da empresa e dá emprego a vários chefes de família. Se esse Severino fosse o escolhido, o Fábio Barreto levantaria com tanta facilidade R$ 12 milhões?”.
Claro que não e o nosso personagem continuaria sendo no máximo “Severino, o filho da...” deixar pra lá!
2 comentários:
Já notou que éste é um festival de 'um filme só'?
É uma vergonha um cineaste como o Barreto se sujeitar a fazer um filme de propaganda política e ainda achar que está enganando a todos.
Esta é mais uma das 'vergonhas' que o brasileiro tem que passar por eleger 'qualquer um' para governar esse país tão sem rumo.
Heraldo Freitas dos Reis
São bernardo do Campo. SP
Vamos ver como vai ser a "obrigação" de exibir este filme. Quando 2010 chegar, Lula vai estar fazendo propaganda em todas as "telas" do Brasil.
isto é vergonhoso, mas quem não sabe votar, M E R E C E !!!
FERNANDA CAMPOS
Barra da Tijuca
Rio
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