sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Na estréia de "Lula, o Filho do Brasil",
aplausos e críticas



Gerson Tavares

Foi a primeira exibição pública do filme "Lula, o Filho do Brasil". Políticos e correligionários do presidente Lula aplaudiam freneticamente. Artistas e cinéfilos que prestigiaram a abertura do 42º Festival de Cinema de Brasília também arriscavam um aplauso aqui, outro ali.

Dos 1.320 lugares, o Palácio do Planalto reservou 740, o que dava uma boa margem para aplausos "comprados". Estiveram presentes ministros, ex-ministros e parlamentares da base aliada. Ali estava a primeira-dama Marisa Letícia representando Lula, que quer se preparar uma sessão reservada com familiares. Marisa, a dona da noite, posou com amigas e ao lado dos atores do filme, mas ao final deixou o teatro sem falar com a imprensa.

Durante a exibição do filme, a platéia riu com a cena de Lula tentando convencer a jovem Marisa a namorá-lo. Mas para descrédito da película, para que ela realmente se tornar “filme verdade”, a platéia não teve oportunidade de ver uma cena onde Lula oferece dinheiro à namorada Miriam para que ela fizesse um aborto de sua gravidez da qual nasceu Luriam. Este fato é de conhecimento de toda a população brasileira, pois ele foi usado inclusive em campanha passada. Muitos disseram que a não inclusão desta cena foi uma pena para a "história verdade", mas que talvez o Barretão não tenha rodado esta cena para que a platéia não viesse a chorar.

Os convidados mais esclarecidos e sem o compromisso de “puxar o saco”, saíram falando que o filme frustrou por retratar de forma acelerada os momentos da vida do presidente, sem se prender a uma “verdade”.

E para piorar, a sessão foi marcada por protestos da produção do filme contra a organização do festival, que deixou os atores da película que desembarcaram na capital federal para a estréia sem assento reservado. Fábio Barreto também reclamou da superlotação do Teatro Nacional, que além dos 1.320 lugares ocupados, teve toda sua escadaria preenchida por convidados. Segundo o cineasta, a situação oferecia risco ao público.

Um outro protesto chamou mais a atenção do público. Antes da apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, que tocou músicas de Luiz Gonzaga sobre o sertão, um grupo de defensores do ex-ativista Cesare Battisti subiu ao palco e estendeu uma faixa pedindo que o presidente Lula evite a extradição do italiano acusado de quatro assassinatos.

Mas como o principal protesto foi sobre o montante de dinheiro gasto para fazer um filme de propaganda política, Fábio Barreto rebateu “indiretamente” as críticas, dizendo que o filme não tinha um caráter político. “Este filme é uma obra de arte para mostrar como o povo brasileiro é lutador, perseverante. É uma homenagem ao povo”. “Mas por que será que o Lula foi o escolhido?”, perguntavam alguns sem ouvir nenhuma resposta.

E olhando bem, a explicação para a escolha de “Lula” como o personagem central do filme, só pode ser o orçamento. Com orçamento de aproximadamente R$ 12 milhões, "Lula, o Filho do Brasil" é o filme mais caro da história do cinema brasileiro e será exibido em quase 400 salas no Brasil em um ano de eleição que o presidente tem total interesse.

E eu pergunto: “Se o escolhido fosse o Severino da Silva, que chegando ao campo de São Cristóvão, no Rio, pulou da carroceria de um pau-de-arara com mulher e cinco filhos barrigudinhos. Se este Severino que depois de lutar vinte anos está muito bem de vida ao lado da Maria do Socorro, está com os filhos, alguns já formados e outros cursando faculdade. Se este Severino que não se meteu em sindicato nem em política, mas venceu em sua profissão e passando de um simples torneiro a dono da empresa e dá emprego a vários chefes de família. Se esse Severino fosse o escolhido, o Fábio Barreto levantaria com tanta facilidade R$ 12 milhões?”.

Claro que não e o nosso personagem continuaria sendo no máximo “Severino, o filho da...” deixar pra lá!

2 comentários:

Anônimo disse...

Já notou que éste é um festival de 'um filme só'?

É uma vergonha um cineaste como o Barreto se sujeitar a fazer um filme de propaganda política e ainda achar que está enganando a todos.


Esta é mais uma das 'vergonhas' que o brasileiro tem que passar por eleger 'qualquer um' para governar esse país tão sem rumo.



Heraldo Freitas dos Reis

São bernardo do Campo. SP

Anônimo disse...

Vamos ver como vai ser a "obrigação" de exibir este filme. Quando 2010 chegar, Lula vai estar fazendo propaganda em todas as "telas" do Brasil.


isto é vergonhoso, mas quem não sabe votar, M E R E C E !!!


FERNANDA CAMPOS

Barra da Tijuca
Rio