Gerson Tavares
Sexta-feira, final de tarde, passando ali pela Rua do Acre, quase na Praça Mauá, ali bem atrás da Rádio Nacional, encontro no bar do Domingos tomando uma “loura gelada”, o amigão “Zé Doidão”, um “empresário” lá do bairro “Lote XV”, em Duque de Caxias que é presidente da Escola de Samba “Desunidos do Lote XV” e ainda acumula a presidência do clube de futebol do bairro e que está disputando o campeonato carioca da décima primeira divisão. Foi uma festa, há muito tempo não nos encontrávamos para tomar aquela cerveja e botar o papo em dia. Falou da Escola de Samba e também do time de futebol. Na quadra da Escola irá acontecer no próximo sábado a escolha do samba-enredo e como ele faz parte da ala dos compositores e também esta presidindo além da Escola a Comissão de Carnaval, o samba vencedor será o dele, aliás, como todos os anos. Quanto ao time de futebol, agora com novo técnico está lutando para não cair.
Mas como samba e futebol sempre acabam em política, falamos do samba e ao passarmos pelo futebol, vieram as histórias das arbitragens e falando dos roubos, chegamos à política.
“Zé Doidão” é um personagem impar, que fala as coisa que realmente só ele pensa. Falando da política chegamos logo a Brasília e ao Planalto. Com o Sarney sempre em evidência, os senadores viraram o alvo e o Senado e a Câmara viraram o centro de tudo. O Zé chegou ao ponto, de dividir o Congresso em “quadrilhas” e com muita tranqüilidade explicava o porque. Depois de ouvir as explicações do amigo, vi que ele estava com a razão.
Ele explicava que lidar hoje, com assaltante de banco, é coisa para policial principiante. Qualquer policial vai atrás e num instante acha o safado. Dá uns “cascudos” e ele confessa onde “malocou” o dinheiro, quem estava com ele e se preciso for, assume outros crimes. Nada é problema desde que não haja violência. Isto assaltante de banco, aquele que era, até a bem pouco tempo, o maior bandido que existia.
E o mestre “Zé Doidão” continuou a relacionar os bandidos de um passado distante até que chegou aos dias de hoje. Ai foi um “Deus nos acuda”. Dizendo que agora os maiores bandidos estão dentro da política, falou o “Zé Doidão” do alto de sua sabedoria popular. “Ladrão de galinha nunca vai passar de vereador”.
E ele não se perturbou com o meu espanto e foi às explicações: “Para ser deputado, senador, governador, presidente e até prefeito, o ‘cara’ tem que fazer curso de pós-graduação em bandidagem. E são poucos bandidos comuns que tem a ousadia dos políticos, sim porque para roubar como eles roubam, na maior cara-de-pau, só com muita ousadia. É por isso que eu digo que ladrão de galinha só chega mesmo a vereador”.
O papo estava muito bom e iria longe sempre acompanhado da "loura gelada" e do "tira-gosto" do Domingos, mas infelizmente eu estava um pouco atrasado. Tinha um compromisso profissional e como não sou político, fui trabalhar para ganhar o meu pão de cada dia.
Mas já ficou combinado um novo encontro lá do bar do Domingos para falarmos mais um pouco dos “bandidos”, quer dizer, dos políticos.
Um comentário:
È isso aí. Ladrão de banco é pinto perto desses políticos de hoje. Tudo bem que no passado também exixtiam políticos safados, mas hoje, 'só' existe safado.
Lucílio Arno Santo
Caraguatatuba - SP
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