
Seja Doador Voluntário de
Medula Óssea e Plaquetas
Praça Cruz Vermelha 23
Centro – Rio de Janeiro
Tel 21 25066021/ 25066064
A TV do capeta, nos dois sentidos

Gerson Tavares
Sou antigo no mundo e não abro mão de gostar daquilo que é bom. E entre as coisas boas gosto muito de um bom programa de televisão. Por muito tempo fiz bons programas e se sinto muito bem quando encontro pessoas que dizem que gostavam da TV de antigamente, da televisão que eu ajudava a fazer.
Mas hoje tudo mudou, inclusive a cabeça dos “donos” das emissoras de televisão. Sou do tempo em que João Saad, proprietário da “Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão” dizia que se fosse para fazer programa que não respeitasse a família, ele preferia voltar ao tempo de mascate. Não estou dizendo que ele usou essas palavras, mas era exatamente aquilo que ele pensava. Paulo Machado de Carvalho soube fazer da TV Record uma grande emissora, com programas que diziam muito bem a que se propunham para que a família brasileira pudesse assistir e se divertir reunida em suas salas. Roberto Marinho levou a sua Rede Globo de Rádio e TV a ser líder de audiência com programas que sempre levaram alguma mensagem à família.
Mas o tempo passou e hoje outros dirigem a Globo e a Record e estão “apelando feio” para ter a audiência e não respeitam mais o bom gosto e muito menos moral e ética. Lógico que a Globo sempre pula na frente e até em matéria de “sacanagem” consegue vencer, com seu “Big Brother”, o “A Fazenda” da Record que em momentos não chega nem perto de um simples sítio. Por isso quero falar da Globo com seu “BBB”.
Este é um programa que, feito por “gente de programa”, a cada edição vai se tornando um problema ainda mais sério. Se o Ministério Público não chegar junto, muito em breve vamos ter “Sodoma e Gomorra” entrando pelas nossas casas sem nem ao menos pedir licença. E foi aí que a Conferência Nacional dos Bispos resolveu emitir uma nota criticando os “reality shows” que estão sendo veiculados na televisão brasileira, questionando a sua “ética e o baixo nível moral”.
Lógico que a critica tem como endereço certo o tal de “Big Brother” e “A Fazenda”, os dois carros chefes da Globo e da Record. Nesta nota a CNBB coloca muito bem o que vem a ser esse tipo de programa dentro da programação atual. Eis um trecho do documento: “Lamentamos que serviços prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados ‘reality shows’, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira”. A CNBB pede ainda ajuda ao Ministério Público, aos pais e educadores para que esses programas não continuem levando tanto mal para dentro das famílias.
Até aí está uma colocação daqueles que em momento algum falaram em religião, mas a resposta da Globo mostra que eles estão seguros da impunidade: “A Rede Globo é uma emissora laica, com uma visão de cultura e mesmo de comportamento social e moral que não segue preceitos religiosos. Temos tradição de estar, no campo institucional, ao lado da maioria das causas da CNBB. O telespectador é o mesmo cidadão-eleitor que, a cada momento, tem plena liberdade de decidir o que é melhor para si e para sua família”.
E é aí que eu pergunto a direção da Globo: “Onde está a cultura na visão de vocês? Será que o comportamento social do cidadão brasileiro está sendo julgado pelo que vocês mostram neste programa? A tradição da Globo está em trocar anúncios da CNBB pelo direito de fazer programas ‘pornográficos’ e não ser criticada?
E quanto à parte de falar de cidadão-eleitor, vamos ver até onde vocês irão com essa troca de valores. Este cidadão-eleitor que não sabe nem se quer em quem votou, soube decidir seu voto? Sim, porque todos nós sabemos, inclusive vocês, que 99% dos eleitores que votaram não sabem em quem votaram e os poucos que sabem, venderam seus votos. Serão esses os cidadãos-eleitores que vocês falam? Vocês falam desses que não sabem escolher seus candidatos e são incapazes de entender o que é ético, o que é moral?
Esta mesma Globo sabe que as famílias estão cada dia mais desestruturadas, pais não sabem o que seus filhos fazem e filhos não estão nem aí para “família”. E esse Big Brother, a cada dia que passa, está mostrando esse lado podre da sociedade brasileira e pior, colocando na vitrine essas pessoas que se mostram o pior exemplo de cidadão.
Infelizmente já não se faz mais televisão como antigamente.