segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano novo, mas Justiça velha





Gerson Tavares





O tempo vai passando e a memória vai sumindo. Em 2002, quando Tim Lopes estava fazendo uma reportagem sobre exploração sexual infantil na Vila Cruzeiro, na Penha, os bandidos da área resolveram que ali, eles mandavam. Tim Lopes, um profissional respeitado, foi torturado, assassinado e queimado. A imprensa perdia um excelente profissional e os traficantes mostravam “força”.

Mas o apelo foi grande e desta vez a “razão” ganhou a guerra. Os traficantes foram presos, julgados e condenados. Mas como sempre, por aqui nem tudo é perfeito. Em julho de 2007, Elizeu Felício de Souza, o “Zeu”, um dos bandidos condenados pela morte de Tim Lopes, recebeu o direito de visitar a família. Foi e nunca mais voltou. A Justiça, sempre a Justiça, dando “alvará de soltura” para bandido irrecuperável.

Mas a coisa não para por aí. Quando do julgamento dos traficantes que mataram Tim Lopes, também foram condenados a 23 anos e seis meses de prisão, Cláudio Orlando do Nascimento, o “Ratinho” e Claudino dos Santos Coelho, o “Xuxa”. Eles têm outras condenações, afinal são bandidos que preservam o bom nome da profissão. O “Ratinho” já escapou da penitenciaria em 1996, quando ele cumpria pena por receptação e porte ilegal de armas e roubos. O “Xuxa” também tem condenações por associação e tráfico de drogas.

Esquecendo o passado, eles já cumpriram 1/6 da pena e agora estão prontos para voltarem às ruas. O advogado dos traficantes já deu entrada no pedido de benefício e ganharão daqui para frente, o direito de passar os dias em liberdade, em seus “árduos” trabalhos.

Tudo isso porque eles, depois de passarem por avaliações psicológicas, foram considerados presos de bom comportamento e assim terão direito a essa “mal fadada” progressão de pena. E eu pergunto: o bom comportamento não é uma obrigação? Não seria mais justo o preso de mau comportamento ter agravada sua pena? No meu entender, assim a Justiça seria bem mais justa.

Mas eles vão ter direito a sair da prisão. Lógico que vão sair e como o “Zeu”, vão sumir na vida. E o pior é ver que muitos dos juizes não sabem ou não querem interpretar as leis. Muitos não passam de “leitores” do Código Penal e vão tomando essas atitudes como se fosse normal tornar a Justiça nesta injustiça nacional.

Requinte de perversidade, crime hediondo e todo e qualquer outro crime onde a tortura se faça presente, deveria ser olhado como “crime sem perdão”. Mas aí, muita gente boa poderia estar no bolo dos “imperdoáveis”.

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