quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O dinheiro que voa




Gerson Tavares


Se existe uma coisa neste Brasil de Meu Deus que voa mais que avião da FAB a serviço dos parentes de políticos, essa coisa chama-se “dinheiro público”. E isso não quer dizer que seja só o cofre do governo federal que é arrombado quase que diariamente não, porque nos estados e municípios acontece o mesmo.

Mas levar o dinheiro tornou-se uma coisa fácil demais porque os governantes sabem que esse dinheiro, depois que sai do país, dificilmente toma o caminho de volta. Por vários motivos essa volta não interessa e para que ninguém fique perguntando o porquê, dizem logo que reaver o dinheiro da corrupção enviado para o exterior tem um custo alto, sem retorno garantido e pode demorar anos.

E se por acaso você duvida, eles dão logo o exemplo da experiência da Prefeitura de São Paulo, iniciada em 2004, para trazer de volta o dinheiro que o Malluf e depois o Pitta roubaram. A cada ano, o Município pode ser obrigado a gastar até £ 1.080.000 (R$ 3.048.732) em honorários com advogados internacionais que o representam nos processos em curso na Justiça britânica.

Com o objetivo é "localizar, bloquear, recuperar e repatriar" US$ 344 milhões desviados durante as gestões dos ex-prefeitos Paulo Maluf (entre 1993 e 1997) e Celso Pitta (de 1997 a 2001), a quantia que já foi investida é praticamente a mesma que voltou ao Tesouro Municipal até agora: apenas £ 1 milhão (R$ 2.822.900) em processo no qual, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o hoje deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) é réu.

E para ver como é caro empatar, o valor de R$ 3 milhões corresponde ao teto anual de gastos que a Procuradoria-Geral do Município (PGM) está autorizada a fazer com pagamento de advogados. Foi publicado no Diário Oficial da Cidade e a prefeitura pagará até £ 90 mil (R$ 254.061) mensais ou £ 375 (R$ 1.058,59) por hora de trabalho do escritório Lawrence Grahan LPP, com sede em Londres. Só aí já foi a grana do ano.

Agora o Município pretende recuperar mais U$ 22 milhões em julgamento previsto para janeiro e fevereiro de 2012, de acordo com o promotor Silvio Marques. No caso mais emblemático, Maluf é acusado de desvios que chegam a US$ 200 milhões, obras viárias como a Avenida Jornalista Roberto Marinho e o túnel Ayrton Senna, ambas na zona sul.

Mas tudo isso pode custar mais caro de que a prefeitura vai receber de volta.

É brincadeira?

Um comentário:

Lourdes Vianna disse...

Mas o Maluf só é o mais popular dos ladrões, mas hoje temos outros nomes bem mais 'gulosos' que o filho da dona Maria.
É só ver quantos ministros da Dilma estão envolvidos em desvio de dinheiro do governo.
Pobre de quem acredita em político.

Lourdes Vianna
Rio de Janeiro