Diversidade de templos e crenças põe DF na rota do turismo religioso

Gerson Tavares
O dia que Juscelino Kubitschek resolveu fazer Brasília tinha em mente construir uma cidade para transformar os tempos. Mas parece que as pessoas entenderam tudo errado e por isso o Distrito Federal tem hoje cerca de 800 “templos” religiosos em uma área de 5,4 mil quilômetros quadrados. Pode não representar nada, mas isso favorece o turismo religioso na região.
Dos sete monumentos considerados patrimônio histórico do DF, três estão ligados à religião. São a Catedral de Brasília, o santuário Dom Bosco e o templo piramidal da Legião da Boa Vontade.
Mas por incrível que possa parecer, não é a Catedral de Brasília o local mais visitado pelo turista e sim o “Templo da Boa Vontade”, que é a sede daquela “seita” que foi fundada por Alziro Zarur e que mais tarde acabou nas mãos do seu advogado, procurador e administrador, Paiva Neto.
Outro local bastante visitado é o “Vale do Amanhecer”, que inclusive, está prestes a ter reconhecidos os rituais praticados na comunidade criada há 52 anos na região norte do DF como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Mas esses são só alguns dos muitos templos da capital federal e é essa profusão de templos e religiões que faz Brasília ser considerado um local místico. Gente de todos os lugares do país vão para lá, embora eu sempre ache que o que faz Brasília assim tão mística, foi a classe política que acampou por lá.
Mas voltando aos “templos”, o “Templo da Boa Vontade” é o local mais visitado do Distrito Federal. O espaço, que funciona 24 horas por dia, foi fundado em 1989 e recebe mais de um milhão de visitas por ano. No topo da pirâmide do templo, localizado na ponta da Asa Sul, próximo ao Setor Hospitalar, há uma pedra que é considerada o maior cristal puro do mundo. Ele simboliza o ecumenismo total, a presença unificadora de Deus, e teria poder de purificar o ambiente. Mas também há quem diga que aquela pedra serve para mostrar a riqueza da "seita".
E o interessante disso tudo, é que a Catedral Metropolitana de Brasília, ficou famosa no mundo inteiro, mas não por questões de religiosidade e sim por conta de ser um projeto do comunista Oscar Niemeyer. Apesar de ser um templo religioso, nem todos os turistas que a visitam, fazem aquilo por uma questão de fé e sim pela curiosidade da obra de Oscar Niemeyer. Além disso, ela está em uma localização privilegiada, bem no centro dos monumentos da Esplanada dos Ministérios, o que coloca Deus ao lado dos "demonios".
O Santuário Dom Bosco, tem também em sua arquitetura um de seus pontos altos. A igreja tem o interior ladeado por vitrais em tons de azul e um amplo salão sem colunas. No centro do salão, em frente ao altar, um lustre de duas toneladas é suportado por cabos de aço. E assim faz do turista um apreciador da arte e nem passa pela cabeça dele a religiosidade.
E é pensando exatamente numa cidade que deveria emanar a fé, que eu me coloco a pensar na realidade de um planalto tão distante. Por que será que numa cidade com tantos locais assim, de paz e espiritualidade, podem acontecer ainda tantos atos satânicos dentro dos prédios governamentais?
Imaginemos se não tivéssemos tudo isso por lá. Sem aqueles templos será que Brasília ainda existiria?
2 comentários:
Pensando bem, para aturar tantos capetas que se acomodaram lá por Brasília, está faltando é Deus naquela cidade.
Salvador
Infelizmente o que resta e Brasília é só isso, um amontoado de crenças que se aproveitam da falta de condição de um povo e, com suas riquezas, vai deixando o povo embevecido, tenta fazer disso um símbolo de fé.
Mas também, o que seria desse povo se não houvesse essa fé? Um país que está dominado pela falta de respeito pelo seu povo, com políticos "roubando e andando" para o povo, só com muita fé para poder continuar aqui.
Só com muita fé no futuro podemos enfrentar um desgoverno como esse que estamos vivendo nos dias de hoje.
Belo Horizonte
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