sexta-feira, 8 de maio de 2009

Conselho de “sacanagem”
Gerson Tavares

Se alguém ainda acreditava que o Congresso poderia um dia ser uma “coisa” mais séria, agora perdeu toda a esperança. Aliás, não podemos esquecer que a “esperança morreu de medo”.

O relator do processo de quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara, contra o deputado Edmar Moreira, um “safardana” que nem partido tem, mas é proprietário de um tremendo de um castelo no interior do estado de Minas Gerais, o deputado Sérgio Moraes, este do PTB-RS, deixou claro na quarta-feira, que não vê motivos até agora para condenar o colega.

Como já falei antes, o Edmar é conhecido por ser dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões, mas também é suspeito de uso irregular da verba indenizatória na contratação de serviços de segurança prestados por duas empresas de sua propriedade, Itatiaia Ltda e Ronda Ltda.

Mas como governo é sinônimo de bagunça, o relator Moraes sustenta que não havia regras que impedissem a contratação de empresas do próprio parlamentar. E falou sem a menor ceriminha: “Se não tinha norma, ele não cometeu irregularidade alguma”. E Moraes foi mais além, ao falar que não está preocupado com a má repercussão de uma possível absolvição de Edmar Moreira. Foi textual: “Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege”. Foi assim que Sérgio Moraes se dirigiu aos repórteres, antes do início da sessão do Conselho de Ética.

Vale a pena reproduzir aqui o que esse “cara”, um sujeito que consegue mostrar em poucas palavras que é um despreparado para lidar com pessoas de bem, teve coragem de falar. Já na a abertura da reunião, o relator pediu a palavra e soltou a seguinte pérola: “Podem me atirar fogo que eu não tenho medo. Tenho sete mandatos e seis filhos, não é pouca vergonha eu estar aqui”. Logo depois ele lembrou aos conselheiros “o caso Edmar requer muita cautela”.

Agora eu queria que esse “sem vergonha” me explicasse: O que tem haver ter sete mandatos com ter seis filhos. E mais: Por acaso, nas eleições para os sete mandatos, quem garante que não foram votos comprados? E ainda mais: Porque sete mandatos e seis filhos? Existe alguma correlação entre os mandatos e os filhos? E desde quando estar ali, com sete mandatos e seis filhos bota vergonha na cara de alguêm?

Mas tem uma coisa que não posso deixar de falar. Esse Sérgio Moraes está respondendo no Supremo Tribunal Federal, o “famigerado” STF do Gilmar Mendes, a oito, eu falei oito, processos. Tem um processo que envolve até problemas com a lei do menor e do adolescente. Esse Sérgio ainda é deputado federal e mais, chega a ser relator de um processo que julga ética de outro “safardana”. Esse Sérgio é candidato e pode ser eleito sempre, porque lei neste país foi feita para não se cumprir. Quer dizer, para “eles” não cumprirem.

Quer saber Moraes? Vai roubar, “mais um pouco”, para ser preso.

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