segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ao amigo Paulo Reis


Nos anos oitenta, estava eu na TV Bandeirantes em São Paulo fazendo o programa “Boa Noite Brasil” com o Flávio Cavalcanti. Certo dia de 1983, Silvio Santos resolveu levar o Flávio para a sua emissora e eu vim para a TV Bandeirantes do Rio de Janeiro. Ali chegando encontrei bons profissionais aos quais me juntei e foi então que conheci Paulo Reis, “Paulinho” para os mais íntimos. Baiano, cozinheiro de mão cheia, Paulinho não deixava de surpreender com os pratos que ele inventava. Quis o destino que eu assumisse a Produção Executiva da emissora e com a ajuda desses bons profissionais fomos montando não só uma programação local, mas também fazendo programas para a Rede. Nesta emissora fiquei até o ano de 2001 e muitos amigos fiz e deixei por lá, entre eles o Cláudio Petraglia, que na época era o diretor-geral da emissora, mas que sempre estava entre os profissionais que faziam com que a emissora do Rio fosse motivo de inveja na Rede.

Mas eu não teria sido ninguém na emissora se não tivesse contado com os amigos produtores e entre esses, lá estava o Paulo Reis. Irrequieto, mas sempre com uma palavra amiga para com os companheiros. Paulinho foi seminarista, mas sua vocação ia além do altar e ele, cheio de ideias, resolveu se tornar um criador. Lembro bem de quando Paulinho, Paula Brenha e outros produtores discutiam para que tudo “ficasse nos trinques” em todas as produções, fossem elas de grande ou pequeno porte.

E um dia Paulinho resolveu que aquilo era muito pouco para o que ele queria. O mundo estava esperando por ele e assim ele fez. Botou o pé no mundo e atravessando o oceano lá se foi um excelente produtor para virar o curador respeitado que foi. E assim eu me sentia realizado ao ver que aquele Paulinho que ficava ali, em minha sala discutindo detalhes de produção, virou o Paulo Reis, um curador e agitador incansável, não só aqui no Brasil, mas também e principalmente em Portugal e Espanha.

Mas chega aquele dia em que o “Cara lá de cima” lembra da gente. E no dia 23 passado ele lembrou e chamou o Paulinho para “bater um papo”. Para Deus chegou a hora, mas para seus amigos, Paulinho foi cedo demais e pior, nem sequer se despediu. Mas nós, seus amigos, temos a certeza que ele já está programando grandes eventos culturais lá no céu. Fique com Deus.

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