Jornal velho, mas o assunto

é de sempre (I)

Gerson Tavares

Eis que sem mais nem menos caiu em minhas mãos neste final de semana um pedaço de jornal, daqueles que a gente rasga porque se interessou por alguma notícia. Curioso, olhei de um lado do “retalho” de jornal e vi que era da seção “Cartas dos leitores”. Pelo tipo de letra do jornal fiquei com a nítida impressão de tratar-se do jornal O Globo.

Ao ver que era carta de leitor, procurei ver o nome do missivista e lá estava: Raphael Pereira Paz, do Rio de Janeiro. O titulo: “Ex-Combatentes”.

Reproduzo aqui parte daquilo que o Raphael escreveu: “Após longos e sofridos 45 anos, podem os ex-combatentes vislumbrar uma tênue luz no fim do túnel. Finalmente o presidente Collor sancionou, no dia 04 de julho, a lei nº 8.059 que regulará a concessão de pensão especial a que os ex-combatentes fazem jus conforme o artigo 53 das Disposições Transitórias da Constituição. Cabe-nos agora enfrentar a fria burocracia dos Ministérios militares. Esperamos que não seja muito demorada, tendo em vista a nossa faixa etária...”. e por aí continuava este senhor, que como deu para ver, na época era um dos nossos heróis que ainda lutavam por uma vida digna.

Isto aconteceu em 1990. Hoje com o Lula no governo, só quem tem privilégios são os “cassados” de 64. Cada dia me entristece mais ver que aqueles que não pediram para ir à guerra, mas que lá estiveram e mostraram o valor do homem brasileiro e que hoje são tão poucos, perderam até a sede da Associação do Ex-combatentes da Rua das Marrecas, no Rio de Janeiro por falta de pagamento de aluguel. Aliás, aluguel este que sempre foi pago pelo governo federal com dinheiro que vem de fora para isso. Uma apropriação indébita que o atual governo faz, na maior cara-de-pau.

Não votei nem em Collor e muito menos em Lula. Por isso me coloco muito a vontade para falar que se um não prestava, o outro não fica atrás. Mas, Collor, em 1990 olhou para aqueles que foram “levados” para a luta e agora, “Lulla” esquece aqueles e dá aos que procuraram o infortúnio do “golpe”, todas as vantagens. Até aqueles que nem tiveram participação nas confusões de 64 estão aí, levando se locupletando. E ainda tem gente que diz que Collor foi pior.

Amanhã vou falar sobre o assunto que está do outro lado deste “pedaço” de jornal.