“Classe média, mas bem miserável”
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Gerson Tavares
Sexta-feira, meio dia, estava eu ao lado do amigo “Zé Doidão” esperando outros grandes amigos, o Mauro Burlamaqui e Carlos Ramiro, ali na Rua São Francisco Xavier, no trecho entre a estrada de ferro e o Boulevard Vinte e Oito de Setembro, bem enfrente à UERJ. Nós tinhamos uma reunião marcada na Livraria/Bar da Civilis e como eu gosto sempre de chegar com certa antecedência, fiquei por ali, vendo o movimento da região e conversando com o grande Zé. E foi assim que vimos uma cena que nos lembrou muito o Lula.
Lembram quando o presidente Lula falou que o governo petista havia dado fim aos miseráveis? Lembram que ele falou que todos aqueles que viviam à margem da sociedade, naquela miserabilidade de dar dó, haviam sido guindados à classe média depois que o seu governo assumiu? Lembram que estas frases viraram até “bordão” na campanha da Dilma Rousseff à presidência?
Pois eu lembro bem e sempre discordei, mas quem sou eu para competir com as mentiras que são repetidas milhares de vezes pelos petistas? E é lógico, que quando uma mentira é muitas vezes repetida, ela acaba virando verdade.
Mas voltando à Rua São Francisco Xavier, estávamos ali quando reparamos que muitos garotos e rapazes mal vestidos e pior, mal-encarados, vivem perambulando por aquele trecho da rua. Quando vêem mulheres e idosos sempre abordam pedindo dinheiro. Primeiro chegam amigáveis, mas se lhes negam a “ajuda”, alguns ficam mais violentos, fazem cara “mais” feia e falam ásperos e xingam.
Ali perto da Livraria/Bar “Civilis” tem uma padaria e na sexta-feira, enquanto reparávamos a movimentação dos da “classe média”, notamos que um deles abordava uma senhora idosa exatamente à porta da padaria e como ela se recusou a dar o dinheiro, talvez por ser muito idosa, o da “classe média” saiu dali esbravejando como se aquela senhorinha tivesse obrigação de dar o dinheiro. Aproximamos-nos da idosa para evitar qualquer ataque que pudesse acontecer, mas graças ao Bom Deus, o ex-miserável foi abordar uma próxima vitima mais adiante.
Foi neste momento que o “Zé Doidão” fazendo uma reflexão soltou bem alto para que todos à volta pensassem naquilo que estávamos presenciando: “Lula, eu tenho uma ligeira impressão que sua ‘classe média’ ainda não chegou aqui pelo Rio de Janeiro. Gostaria de saber onde você viu alguma coisa que tenha lhe dado esta noção de que esses ‘miseráveis’ foram guindados à ‘classe média’.
E aí ele completou com um posicionamento para todos que por ali passavam também refletissem: “Por favor, se você viu em algum lugar do solo brasileiro esta transformação, me diga onde é, porque é ali que eu quero morar”. E o Zé foi aplaudido por todos aqueles que por alí passavam.
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