Gerson Tavares
Os interesses estão acima de qualquer outra coisa quando se fala de política. Por isso, Ana Arraes, que é mãe do governador de Pernambuco, o Eduardo Campos, membro do PSB, e que foi recentemente eleita para o Tribunal de Contas da União, tem em suas mãos para avaliação, o aumento do preço de contratos de obras da transposição do Rio São Francisco.
Como Ana é mãe de Eduardo Campos, fica meio estranho ser exatamente ela apontada para fazer aquela avaliação, já que Pernambuco será beneficiado pelo projeto, mas fazer o que?
Campos foi líder do PSB na Câmara, o mesmo partido ao qual é filiado o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e que só por acaso é afilhado político de Eduardo Campos. Pois não é que é exatamente do Bezerra a responsabilidade da obra que tem um valor de R$ 6,9 bilhões?
E já que tudo está em “família”, o Bezerra está negociando com o TCU um reajuste acima dos 25% do limite legal para pelo menos um dos contratos. Alega o “espertinho” que haveria prejuízo com a desmobilização de grandes máquinas de cavar túneis no lote 14 do eixo norte, que contabiliza avanço de apenas 27,1% no contrato.
Não é à toa que uma obra que foi peitada pelo Lula seja a mais cara bancada com dinheiro dos impostos, o que quer dizer, com o dinheiro do povo. A transposição do São Francisco prevê o desvio de parte das águas do rio por mais de 600 quilômetros de canais de concretos construídos em quatro Estados do Nordeste: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Mas como todo mundo que está envolvido nessa “maracutaia” deve ter seus “interesses”, o TCU, para “tirar da reta”, já informou que o assunto está aos cuidados da ministra Ana Arraes, a quem coube relatar uma auditoria do tribunal sobre acréscimos de preços na obra, os chamados "aditivos".
Desde que Ana foi indicada para o cargo que sua meta é dar prosseguimento àquelas obras a qualquer custo. Logo que ela tomou posse ela fez um discurso contrário à paralisação de obras, mesmo que elas estejam sob suspeita de irregularidade. Entre as prerrogativas do tribunal, está recomendar a paralisação ou mandar suspender pagamentos, já que o tribunal apontou indícios de irregularidades no eixo leste da obra. Em apenas um dos lotes, o relatório do ministro Augusto Sherman Cavalcanti encontrou prejuízo ao contribuinte de R$ 8,6 milhões. Esse mesmo lote já havia sido objeto de um acréscimo de preço de 15%.
Mas a obra continua em ritmo lento, mas não para. Lento para não gastar muito dinheiro e não para, pois só assim eles garantem o dinheiro saindo e as contas dos ”paraísos fiscais” sempre crescendo.
Um comentário:
Quando falaram em transposição, todos pensavam que era para mudar o rumo das águas do São Francisco, mas no duro eles pensavam em mudar o destino da verba. Aposto que todos estão com a parte do dinheiro que acertou na hora de votar a verba, mas o pobre rio está lá, sufocado pelos desmandos.
Salvador
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