E
o culpado nunca aparece
Gerson
Tavares
Os
problemas vão acontecendo e só quem sofre é o povo. Os governantes nem se quer
são chamados às falas para prestarem algum esclarecimento, para pelo menos dar
uma desculpa, mesmo que mentirosa. E isso ficou muito claro quando do acidente com o bondinho de
Santa Tereza, quando na hora de culpar alguém, até o pobre maquinista do bonde,
que faleceu no acidente, foi considerado culpado, enquanto o secretário de
Transportes, Julio Lopes nem ao menos foi citado.
Mas
essas coisas não param de acontecer e assim a cada dia mais um acidente acontece e
tudo acaba no esquecimento, já que se procurarmos o culpado vamos cair naquele
“vale de desculpas” até chegar ao faxineiro que naturalmente foi o grande
causador do desastre.
Estou
falando isso porque os trens da Supervia estão descarrilando, estão batendo em
pilares e ninguém é culpado de nada e se houver necessidade de achar um Cristo
para “pagar a conta”, a culpa vai cair sobre os ombros daquele que se esqueceu
de “varrer o trilho”, por exemplo. A culpa nunca é daquele que tem a
responsabilidade de dar condição normal de trabalho para os funcionários que
carregam milhares de vidas todos os dias.
Se
olharmos bem, estamos falando muito em trem porque os últimos acidentes foram
provocados pela Supervia, sendo que um dos mais recentes foi aquele em que a
composição que ia de D.Pedro para Japerí bateu em um dos pilares do viaduto
após o descarrilamento. Mas também as barcas andam fazendo das suas e os
usuários dessa modalidade de transporte resolveram na semana passada fazer um
protesto depois que uma das barcas, aliás, uma das mais antigas já que eu era
garoto e ela já fazia o trajeto para a Ribeira na Ilha do Governador, aportar
na Praça Quinze e os passageiros se recusaram a seguir viagem a bordo daquele
monte de sucata que a concessionária apresentava como uma lancha.
E
assim o povão vai sofrendo no dia a dia dos transportes que são fiscalizados,
tanto pela Prefeitura da cidade, como pelo Estado do Rio de Janeiro. Barcas e
trens, isso sem falar em Metrô, todos estão "avacalhados" e a
população sofrendo todos os dias com atrasos, com superlotação e quase sempre
com acidentes que sempre deixam alguns feridos.
Mas
já que estamos falando de “transporte de massa” no Rio de Janeiro, por que não
falar dos ônibus? Sim, porque os ônibus estão aí cheio de problemas e os
governantes passando a mão sobre a cabeça dos empresários.
Para
começar, vamos entender o porquê da troca de posição das portas de entrada e
saída de passageiros dos ônibus. Lembram os senhores que os passageiros embarcavam pela porta
traseira e desembarcavam pela porta dianteira? Mas os empresários descobriram
que aquele modo de disposição das portas só servia para que os motoristas
tivessem uma melhor visão dos passageiros ao saltarem do veiculo e nada mais.
Lógico que com o motorista vendo os passageiros desembarcarem, dificilmente havia
o perigo de o ônibus arrancar sem que o último passageiro saltasse e assim
ninguém corria o risco de cair. Mas qual a vantagem disso?
Foi
então que eles pensaram nas vantagens e com o passageiro entrando pela porta
dianteira do ônibus, chegaram à conclusão que não havia mais razão de ter um
trocador para cobrar as passagens e assim sendo, só com o motorista o
empresário matava dois coelhos com uma só cajadada. E assim está acontecendo,
com o motorista dirigindo, tendo que prestar atenção no trânsito, nos outros
carros que passam, no passageiro que quer pagar a passagem, dar o troco,
liberar a roleta, prestar atenção no passageiro que está no ponto fazendo sinal
para embarcar e assim vai por toda uma viagem, brigando contra tudo e contra
todos por simples ganância dos empresários.
E
é ai que entra na minha conta a autoridade. Será que aquele governante não
levou algum para que o empresário tirasse da folha de pagamento o trocador?
Sim, porque é sabido por todos que os responsáveis pelo transporte de massa
sabem todo o perigo ao qual estão colocando, não só o passageiro, mas também o
pedestre que nunca sabe o que aquele tresloucado motorista poderá fazer, mas o
patrão sabe que está pagando uma única pessoa por aquilo que deveria ser feito
por duas pessoas.
E
ainda para melhorar o faturamento do empresário, na hora de pedir aumento de
passagens, o espertinho coloca lá na planilha o salário do trocador. Isso é
roubar duas vezes e os governantes mesmo sabendo disso tudo, fecham os olhos.
Por
isso tudo, sejam trens, barcas, metrô ou ônibus, os culpados são sempre os
mesmos. Então, por que não colocar na cadeia esses governantes que só pensam em
encher os bolsos com o dinheiro do povo.
Um comentário:
Os administradores das empresas que são concessionárias dos transportes, fizeram curso com os políticos. São todos formados em pilantragem.
Pavuna Rio de Janeiro
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