quarta-feira, 2 de maio de 2012


Cota Racial

Gerson Tavares
 



“A História Universal não registra nação que tenha se erguido de condição periférica a nação digna de respeito na política internacional mantendo no plano doméstico uma política de exclusão em relação à parcela expressiva da sua população”. Foi exatamente com essas palavras que o ministro Joaquim Barbosa, o único membro do Supremo, afrodescendente assumido, votou a favor de “cota racial” nas universidades.

Quando falo afrodescendente assumido é porque ele não é o único que tem a áfrica no sangue, já que poucos brasileiros podem dizer que não tem uma descendência africana. Mas com Joaquim Barbosa a coisa é diferente, mas se estou falando dele é porque só ele me basta para dar de exemplo do voto errado que aconteceu na quinta-feira passada no STF, quando por dez votos à zero passou a “COTA RACIAL” a valer de verdade para o "ingresso nas universidades".

O STF foi unanime na decisão para que negros e pardos tenham vagas reservadas em vestibulares para o ingresso nas universidades e assim, agora é constitucional e para valer. Os ministros estavam julgando um caso isolado que era a UnB, que desde 2004 adotou a cota de 20% para os afrodescendentes, mas que, depois de quinta-feira, passou a valer para todas as instituições públicas que adotam ou queiram adotar o critério racial em suas seleções.

Tudo isso aconteceu porque, tomando por base uma ação impetrada pelo DEM em 2009, que argumentava que a política da UnB era uma afronta ao princípio da igualdade e incentivava o racismo por criar privilégios baseados em critérios raciais. Mas os ministros do Supremo entenderam que a “cota” é um instrumento legal para corrigir desigualdades.

Mas é olhando por este lado, "corrigir desigualdades", que eu sou contra esse “negócio” de cota na universidade. Quer dizer que o negro só vira afrodescendente e só vai deixar de ser pisado quando ele chegar à banca para entrar na universidade?
    
Sim, porque é assim que entendo quando vejo que ninguém está preocupado se o pobre, seja ele negro, branco ou indígena, vai ter escola ou não para iniciar seus estudos, mas na hora da faculdade, aí sim, neste momento ele vira afrodescendente e levará vantagem sobre os outros pobres. Desculpe, mas pobre não tem cor e nem raça. Ele é pobre e ponto final.

Os outros afrodescendentes do STF, mas que conseguem enganar que são brancos arianos, esses não estão nem aí para os pobres, mas querem ficar bem na foto para com os “afrodescendentes”. Esquecem, não só esses ministros, mas todos que são a favor da famigerada “cota”, que as escolas públicas fundamentais estão deixando passar de ano o aluno que tem frequência. Não interessa o conhecimento da matéria, se ele foi à escola só para comer merenda, ele está promovido de série e assim por todos os anos do curso fundamental. Até porque o conceito de aproveitamento das escolas é feito de acordo com o número de alunos que são aprovados a cada ano letivo.

Então ele vai para o segundo grau sem saber nada e como continua a valer o conceito para as escolas e nenhum diretor quer brigar contra a razão, ele continua sem saber nada, mas sendo aprovado ano após ano. O problema passa a ser do estudante que pensa em entrar na faculdade.
  
Mas os políticos também não querem pagar o ônus da reprovação daquele que, se aprovado, pode lhe render alguns votos nas próximas eleições e então vamos fazer a “lei das cotas” e assim joga-se para a galera e o problema, um dia alguém há de resolver.

Sempre que falam em cotas aparecem os líderes “afrodescendentes” e lutam por facilidades, mas eles nunca lutam pelo bom ensino. Só esquecem esses líderes, que quando um médico afrodescendente erra, a gritaria vem logo a seguir: “Também, viu a 'cor' do médico?”. “Também, colocaram logo um 'preto' para cuidar dele!”. "Aposto que o médico é crioulo!"  

Mas já que sou uma voz discursando no deserto, vou terminar com três perguntas, primeiramente aos “Senhores Parlamentares” e depois aos “Senhores Ministros do STF”,

 E os indígenas? Os senhores esqueceram que eles são os donos disso tudo aqui? Por que eles ficaram de fora da cota?

Se os senhores tiverem respostas, eu até gostaria de ouvi-las.

5 comentários:

Pedro Novello disse...

Pobre é pobre independente de raça. Falam tanto no negro porque hoje ele é a maioria que vota. Mas pobre é pobre e ponto.
Quero ver dar educação fundamental e saúde para o pobre. Isso si, é inclusão, não racial e sim social.
Cscavel - PR

Laura Gomes Carneiro disse...

Você falou tudo ao falar sobre os descendentes negros que fazem parte do STF.
Os brasileiros, em grande maioria, não são brancos e têm o pé na cozinha sim.
Por tanto, o problema não está em ser branco, preto ou azul e sim, em ser pobre e abandonado à própria sorte.
Mas falar disso não dá tanto voto como falar em faculdade para o crioulo.
Isso é que é fazer política suja.
Só um detalhe: sou negra e consegui chegar à universidade sem cota, mas estudando muito como qualquer jovem que quer ser alguém.
Brasília

Maria Lúcia dos Prazeres disse...

Olhando pelo lado de discriminação racial, estes que lutam pela coto para os afrodescendentes são mais racistas que aqueles que não estão nem aí para as cotas.
Será que eles já pensaram nos indigenas? Será que pobre branco não tem direito de estudar? Já é hora de pensar em 'raças' para pensar em um todo. Que a educação, alimentação, que a saúde chegua para todos todos, mas sem essa de 'raças' e sim de cidadão brasileiro.
Esses que tanto falam em discriminação, são os maiores discriminadores. Eles só pensam neles e em mais niguém. Querem um exemplo? Todo líder negro é casado com branca e loura. Pelo menos depois que ele virou 'gente conhecida' e já se acha autoridade no assunto.
Recife

Edson Nascimento disse...

O Brasil precisa é de 'cota social". Só assim vamos ter um povo menos pobre e mais respeitado. Educação desde o primeiro ano fundamental. Saúde desde o ventre da mãe e alimentação saudável para todos e trabalho, muito trabalho para ganhar o pão de cada dia. É só isso que precisamos para viver como cidadão. Neste Brasil não existe branco nem negro e sim existe brasileiro, seja ele negro puro, branco ou mestiço, ele é brasileiro acima de tudo.
Respeitem o cidadão independente da cor ou do credo. Todos somos filhos de Deus e precisamos viver.
Vila Velha - ES

Luiz Pacheco disse...

Eles falam muito em cotas para faculdades, mas o que deviam olhar e cobrar, deixam ir passando. O pobre não tem cor, o pobre tem é fome. Ele vai à escola para comer, matar a fome e sabe que assim também garante a promossão de classe.
Depois vem essa turma metida a intelectual que se diz líder da raça e ecerta votos com quem dá faculdade sem prova para o analfabeto.
Ponte Nova - MG