terça-feira, 2 de novembro de 2010


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Democracia





Gerson Tavares


Tem certos momentos em que fico pensando se eu sou democrático. Escuto tanto falar em democracia, que fulano é democrático, que aquilo é “coisa de democrata”. Escuto tanto as pessoas falarem que estamos vivendo dias plenos da democracia que fico meio aturdido com essa ideia de democracia.

E como bom leitor de jornais que sou não deixo de ler nem as cartas dos leitores. Leio inclusive as entrelinhas dessas cartas porque muitas são interessantes em seus pensamentos. Na sexta-feira, antevéspera do segundo turno das eleições, lendo aquilo que os leitores escrevem para o jornal O Dia, vi um sobrenome que me chamou muita atenção. Lá estava a carta de José de Anchieta Nobre de Almeida e então, procurei dar ainda mais atenção ao que ali estava escrito.

Falando sobre a já “famigerada” Lei da Ficha Limpa, o Nobre de Almeida julgava o STF dizendo que aquilo reflete a nossa realidade política. Diz ele, que embora possa confundir um pouco os menos “antenados”, esta situação prova que estamos vivendo em pleno exercício democrático, fato que é muito salutar.

E aí vem a cartada final do Nobre: “Só quem viveu anos difíceis, em que não tinha liberdade, como na ditadura militar, sabe como é bom respirar os atuais ares libertários de nossos dias de século XXI”.

E foi aí que parei e olhando aquela assinatura comecei a lembrar da ditadura militar, período que eu também tive problemas. Com um irmão preso como “comunista”, sentia a represália que existia em minhas idas e vindas na tentativa de livrá-lo da prisão. Mas tudo se resolveu, meu irmão foi solto, dez anos depois anistiado, foi reformado e hoje está muito bem.

Naqueles dias em que frequentava a prisão em visita ao meu irmão, eu procurava encontrar uma explicação para aquela ”ditadura militar” e procurando enxergar como as coisas aconteceram e vendo que muitos que ali não estavam, foram os que mais forçaram aquela situação, entendia o outro lado. Lado este que devia ser melhor que o de hoje, um período em que posso chamar de “ditadura da libertinagem”, “ditadura da bandidagem”, e outras ditaduras que hoje são garantidas pelo atual governo.

Se existem os famosos “fichas sujas”, eles em sua grande maioria estão dentro dos partidos que fazem parte deste “desgoverno de libertinagem” que se instalou há oito anos e que com uma maioria de votos comprados, vai permanecer por mais quatro anos.

E quanto a esta democracia que aí está ser “salutar”, desculpe meu caro Nobre, mas salutar é ser livre e não libertino.

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